meistudies, 5º Congresso Internacional Media Ecology and Image Studies - A virtualização do novo ecossistema midiático

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A representação da polícia no primeiro cinema
Vicente Gosciola, Bruno Alves da Silva

Última alteração: 2022-10-24

Resumo Expandido (Entre 450 e 700 palavras)


O primeiro cinema ou cinema de atrações, termo cunhado por Tom Gunning e Andre Gaudreault, que se trata das primeiras experiências cinematográficas datadas de 1895 a 1905 (GUNNING, GAUDREAULT, 2006) nos apresenta obras com construções diferentes das que somos habituados na contemporaneidade. Os filmes deste primeiro momento do cinema trazem construções estáticas às filmagens e geralmente reproduções de espetáculos de outras áreas da arte como circo e teatro. Basta observar a evolução do levantamento e da discussão sobre os enquadramentos e os movimentos de câmera e as suas influências na narrativa. Estes filmes geralmente são apresentados em espaços destinados às classes populares das cidades, neste primeiro momento, a burguesia só se aproximaria mais do cinema na sua fase posterior na qual a narrativa linear dada através da montagem sequencial de planos e o seu apelo a roteiros com construções baseadas em romances burgueses atrai esse novo público para os cinemas. A partir da ideia desse público popular dos filmes do princípio do cinema o artigo lê o recorte da imagem das figuras policiais nesses primeiros filmes, por meio de um estudo cronológico de algumas obras vemos a ideia que era apresentada desses personagens nos enredos dessas obras, unindo isso com o princípio da vivência nas cidades modernas. Na contemporaneidade temos uma visão da figura do policial como um herói nas narrativas cinematográficas ocidentais, diversos filmes os colocam como personagens honrosos, astutos e inteligentes podendo resolver problemas de diversos âmbitos e até salvar o mundo com suas ações. Mas nem sempre a figura do policial está atrelada a essa imagem de heroísmo e poder, ao analisarmos obras do primeiro cinema vemos uma figura policial diferente da que temos construídas em nosso imaginário, geralmente vemos um ser cômico, perdido, corrupto ou posto em situações constrangedoras. A criação desses personagens nas primeiras experiências cinematográficas se dá junto novas experiências envolvendo a cidade moderna e os seus embates, entre a polícia e a nova população destes locais. Baseando-se em autores como Flavia Costa, Arlindo Machado, Tom Gunning e Andre Gaudreault, o artigo discute sobre a história e os contextos em que o primeiro cinema estava inserido, como sua narrativa e público. Para a reflexão sobre a cidade moderna lembramos de Ben Singer, o que traz para o texto a ideia dos gostos populares da época e atrações direcionadas a cidade naquele momento. Thomas Elsaesser, por meio de seu conceito de arqueologia das mídias, contribui com a construção do texto na análise das obras do passado. Com este estudo das obras, acreditamos que conseguimos traçar um certo perfil imagético dessa figura policial, retratada no primeiro momento do cinema e de como a temos hoje em dia em nosso imaginário, colocando em encontro a ideia da contemporaneidade sobre o personagem e a ideia que o passado nos apresenta.

Referências

Costa, F. (2005). O primeiro cinema: Espetáculo, Narração, Domesticação. Azougue.
Elsasser, T. (2016). Cinema como arqueologia das mídias. Sesc São Paulo.
Gaudreault, A. & Gunning, T. (2006). Early Cinema as a Challenge to Film History. En W. Strauven (Ed.), The Cinema of Attractions Reloaded (pp. 365-380). Amsterdam University Press.
Machado, A. (1997). Pré-cinemas & pós cinemas. Papirus.
Singer, B. (2004). Modernidade, hiperestímulo e o início do sensacionalismo. En L. Charney & V. Schwartz (Ed.), O cinema e a invenção da vida moderna (pp. 115-148). Cosac Naify.


Palavras-chave


Cinema; Audiovisual; Representação; Comunicação; Primeiro Cinema

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