meistudies, 5º Congresso Internacional Media Ecology and Image Studies - A virtualização do novo ecossistema midiático

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Perfis jornalísticos em novos formatos do Jornalismo Alternativo: estudos de caso do "Mural webstories" e "Catraca Livre webstories"
Patricia Yara Silva da Rocha, Mayara de Oliveira Sousa, Laerte José Cerqueira da Silva

Última alteração: 2022-10-17

Resumo Expandido (Entre 450 e 700 palavras)


No universo atual da comunicação, o uso do celular para leitura de conteúdos informativos vem cada vez mais ganhando espaço em relação a outros aparatos tecnológicos, como computador ou tablet. Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), três em cada quatro brasileiros utilizam o celular como principal dispositivo de acesso à internet.

Considerando as transformações trazidas a partir da internet e do Jornalismo Digital e revisitando os conceitos do gênero perfil jornalístico trabalhados por Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari (1986), Ricardo Kotscho (1995) e Sérgio Vilas Boas (2003), o artigo pretende investigar como histórias de vida são narradas através das novas possibilidades e formatos que as mídias sociais digitais trouxeram para o campo jornalístico.

Em jornalismo, perfil “significa dar enfoque na pessoa – seja uma celebridade, seja um tipo popular, mas sempre o focalizado é protagonista da história: sua própria vida” (SODRÉ; FERRARI, 1986). Nesse sentido, o perfil jornalístico ou reportagem-perfil, ao conseguir narrar aspectos relevantes da vida dos personagens entrevistados, transmitir suas impressões sobre temas importantes, apresentar um pouco do que fazem e como fazem, pode possibilitar ao público uma leitura prazerosa e reflexiva.

Diferente das biografias, em que os autores têm de enfrentar os pormenores da história do biografado, os perfis podem focalizar apenas algumas passagens da vida dos perfilados. Trata-se de uma curta narrativa, não somente em relação ao tamanho do texto, mas também no tempo de validade do conteúdo informativo e interpretativo do repórter (VILAS BOAS, 2003).

Nessa perspectiva, contar histórias através de perfis jornalísticos tem se tornado um terreno fértil para diversos veículos de Jornalismo Alternativo no Brasil, os quais vêm explorando formatos variados que são permitidos, sobretudo, através das mídias sociais digitais. Um desses formatos são os stories, onde as telas dos celulares funcionam como canais de comunicação dinâmicos, através dos quais histórias visuais de pessoas comuns ou da periferia, bem como de artistas já famosos ou emergentes, passam a ser narradas e podem conquistar um alcance social considerável.

Essa é a proposta da agência Mural de Jornalismo das Periferias, veículo de imprensa alternativa surgido em São Paulo, que passou a atuar com novos formatos narrativos, ao produzir, a partir de 2021, notícias e reportagens-perfis veiculadas pelo celular e acessadas pelo público através do movimento de tela para o lado. Esse formato, conhecido como web stories, aposta na praticidade de leitura, carregamento rápido e visual atrativo para captar os leitores.

Segundo Kotscho (1995), das matérias chamadas humanas, o gênero perfil é o filão de maior riqueza, já que pode dar a oportunidade ao repórter de criar um texto mais trabalhado, seja ele com foco em um personagem, uma instituição ou uma localidade. Para elaborar uma reportagem-perfil é preciso que, de forma prévia, o repórter esteja familiarizado sobre o tema que vai tratar. “Para ir fundo na vida de uma pessoa ou de um lugar é preciso, antes de mais nada, conhecê-lo bem” (KOTSCHO, p.59). Nesse sentido, meios de comunicação alternativos podem construir narrativas que levam em consideração características culturais do ambiente em que atuam, com isso a crítica social de uma população que vive às margens das cidades vai estar sempre em evidência. (ARAÚJO; BATISTA, 2021).

Antes da Mural, o portal Catraca Livre, site jornalístico alternativo brasileiro que afirma ter como missão usar a comunicação para empoderar os cidadãos, já havia praticado essa experiência de veicular conteúdos através de web stories e até hoje mantém a produção, dando destaque às temáticas culturais, de educação e cidadania.

Com o presente artigo, espera-se entender como a reconfiguração de formatos jornalísticos pelas novas tecnologias permite a divulgação de conteúdos informativos que não encontram espaços nos veículos tradicionais e também como os perfis jornalísticos produzidos pela mídia alternativa possibilitam o consumo de informações de maneira prática e dinâmica ensejando a reflexão sobre questões pungentes da atualidade e uma maior capacidade de formar opinião. O método aplicado será a análise de conteúdo com foco em perfis no formato web stories publicados nos últimos seis meses pelos veículos de Jornalismo Alternativo, Mural e Catraca Livre.

Referências

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2020). Pesquisa nacional por amostra de domicílios.

https://dados.gov.br/dataset/pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-continua-anual-pnadc-a


Araújo, B. R., & Batista, C. P. (2021). O jornalismo de periferia como gênero: uma análise dos princípios editoriais da Agência Mural. En Santos, Marli et al (ed.), Jornalismo, gêneros e formatos: estado da arte e diálogos contemporâneos (1ª ed., pp. 188-203). Edifurb.


Kotscho, R. (2004). A prática da reportagem. Ática.
Sodré, M., & Ferrari, M. H. (1986). Técnica de redação: o texto no jornalismo impresso. Ed. Francisco Alves
Vilas Boas, S.(2003). Perfis e como escrevê-los. Summus.

 

 


Palavras-chave


Jornalismo; novas tecnologias; Jornalismo alternativo; perfis jornalísticos; informação; opinião; mídias digitais; webstories

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