meistudies, 5º Congresso Internacional Media Ecology and Image Studies - A virtualização do novo ecossistema midiático

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As Plataformas de Streaming das Emissoras de TV aberta brasileiras
Fabricia Guedes, Marcelo Bolshaw Gomes

Última alteração: 2022-10-24

Resumo Expandido (Entre 450 e 700 palavras)


Quando as primeiras plataformas de streaming surgem, e começam a impactar cultural e economicamente o mercado audiovisual, elas são vistas como uma ameaça às mídias de funções massivas[3] (LEMOS, 2007). No entanto, em pouco tempo, esse serviço passou a ser explorado por essas corporações. Hoje o streaming também se mostra um negócio viável e agregador para a TV linear (TV aberta e/ou por TV por assinatura).

Segundo uma pesquisa realizada pela Finder – empresa especializada no segmento digital – o Brasil é o segundo maior mercado de streaming do mundo em número de usuários (64,58% da população assina ao menos uma plataforma de streaming audiovisual), ficando atrás da Nova Zelândia (com 65,26% de usuários utilizando esses serviços). A pesquisa teve como base 18 países e apresenta dados referentes ao ano de 2020. (FINDER, 2021).

Nesse cenário, com a expansão do mercado de vídeo sob demanda (VoD)[4], e as pesquisam apontando uma queda na audiência da TV linear, surgem muitas inclinações apocalíticas que apostam no “fim da televisão”. Porém, visualiza-se que esses mercados caminham para uma coexistência e hibridização. Como é colocado por Renó (2015), ao invés tentar “descobrir” até quando um meio irá sobreviver, deve-se compreender como esse ambiente relaciona-se como os sujeitos, com a sociedade e com os próprios ambientes.

As maiores emissoras de TV aberta e canais da TV por assinatura do país possuem ou estão desenvolvendo serviços de streaming, como é o caso da GloboPlay (Grupo Globo); PlayPlus (Grupo Record); SBT Vídeos (SBT); BandPlay (Grupo Bandeirantes); Art1 Play (Grupo Bandeirantes), dentre outros. Acentua-se, ainda, a atuação de plataformas estrangeiras no país, como Netflix, Amazon Prime Video, HBO Go, Disney+, StarzPlay, Paramount+ etc.

Os serviços de streaming audiovisual desenvolvidos pelas cinco emissoras da TV aberta com maior audiência no país – Rede Globo, Record, SBT, Band e TV Brasil[5] – exploram variados modelos de negócio. Alguns funcionam apenas como uma outra janela que disponibiliza o conteúdo veiculado no sinal aberto, outros além da programação, apostam em produções originais e exclusivas para a plataforma. Ainda dentre esses players[6], há os que permitem o acesso ao conteúdo gratuitamente e os que possuem uma taxa de assinatura (que geralmente é mensal ou anual). Como é colocado por Ladeira (2013), esses modelos de negócios ainda não estão estabelecidos, o que há, de fato, é uma busca por maneiras viáveis de negócio.

Diante do espaço que a TV linear mantém no mercado audiovisual brasileiro questiona-se como a TV aberta brasileira figura-se no mercado de streaming audiovisual, como dar-se-ão as relações entre esses setores. A partir das atuais movimentações estabelecidas entre esses agentes, visualiza-se que o cenário estabelecido no mercado de televisão brasileiro se projeta, em alguns níveis, nas operacionalizações do streaming audiovisual. Observa-se que as emissoras que têm mais audiência no sinal aberto são as que mais investem nas possibilidades do mercado de VoD.

 

Referências

Finder. (2021). Serviços de streaming mais populares: mais da metade da população tem pelo menos um serviço de streaming. https://www.finder.com/br/streaming-estatisticas

Ladeira, J. M. (2013). Negócios de audiovisual na internet: uma comparação entre Netflix, Hulu e iTunes-AppleTV, 2005-2010. Contracampo, Niterói, v. 26, n. 1, p.145-162.

Lemos, A. (2007) Cidade e mobilidade. Telefones celulares, funções pós-massivas e territórios informacionais. MATRIZes. - v. 1. n. 1.

Renó, D. (2015). Movilidad y producción audiovisual: câmbios em la nueva ecología de los medios. In: SCOLARI, Carlos (Org.), Ecologia de los medios: Entornos, evoluciones e interpretaciones. Barcelona: Gedisa.


 

[3] Para André Lemos (2007) as mídias de funções massivas funcionam sob o controle editorial do pólo da emissão, são centradas e são dirigidas para massa que tem pouca possibilidade de interagir. Já as mídias de funções pós-massivas funcionam a partir de rede telemáticas em que qualquer um pode produzir informação, «liberando» o pólo da emissão, sem necessariamente haver empresas e conglomerados econômicos por trás.

[4] Em inglês vídeo-on-demand, refere-se aos conteúdos audiovisuais disponíveis em catálogo que podem ser assistidos por streaming, em qualquer dispositivo.

[5] Informação extraída a partir do Painel Nacional de Televisão (PNT), que apresenta o resultado de mais de 95 emissoras nos 15 mercados medidos pela Kantar Ibope Media.

[6] Usamos o termo players para referirmo-nos aquelas empresas que atuam no segmento de streaming audiovisual, ou seja, como sinônimo para “serviços de streaming” ou “plataformas de streaming”.

 


Palavras-chave


Televisão Brasileira; TV Aberta; Streaming.

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