Última alteração: 2021-10-19
Resumo Expandido (Entre 450 e 700 palavras)
INFORMAR SE PARTICIPOU DO CONGRESSO INTERNACIONAL COMERTEC
A dinâmica interacional se tornou um dos pontos centrais das discussões no campo da comunicação com o surgimento da internet 2.0 (Renó e Flores, 2012). Desde então, o desenvolvimento de outras possibilidades no meio digital - surgimento das redes sociais e o crescente uso de dados e algoritmos em diferentes esferas da sociedade - tem mudado e continuam a mudar o comportamento social e consequentemente, a comunicação. O conceito de narrativa transmídia surgiu em meio a esse contexto, sendo que seu desenvolvimento é debate constante produtores de conteúdo.
A proposta é explorar a combinação entre mídias e plataformas como uma nova maneira de contar histórias, de maneira integrada. No âmbito da mesma, o usuário não é mais um consumidor de conteúdo, mas sim um prosumidor (Renó, 2012; Scolari, 2013). O intuito é contar uma história distribuindo partes da mesma por diferentes meios, plataformas e linguagens, explorando assim as oportunidades de cada uma para disponibilizar o conteúdo da melhor maneira. A interação do prosumidor com os diferentes níveis de informação, percorrendo o mundo narrativo desenvolvido, completa a experiência diferenciada que um projeto transmídia propõe (Renó & Flores, 2012).
Tal tipo de narrativa é utilizada em diferentes campos da comunicação, inclusive o jornalismo, que tem projetos de referência como o Snow Fall, do The New York Times. Nessa linha, a estratégia transmídia também pode servir à comunicação científica, uma vez que a utilização de diferentes mídias, plataformas e conteúdos para explorar determinado tema sobre ciência pode gerar mais interesse, engajamento e alcance.
Para refletir sobre tais possibilidades pretende-se analisar dois projetos – A batalha de Belo Monte, da Folha de S.Paulo, Político em construção do Estado de S. Paulo. A proposta é analisar as características e a dinâmica de consumo de tais conteúdos, observando a tentativa de construção de narrativa transmídia em cada um deles. Busca-se colocar em pauta a importância da reflexão sobre o pensar transmídia (Laurel, 2000 como citado em Gosciola, 2014): imaginar uma história com início, mas sem fim, considerando não só o conteúdo, mas a temática, a experiência e preferência do usuário, seus impactos e reverberações.
Além de refletir sobre o uso da narrativa transmídia em projetos jornalísticos, também é interessante refletir como a estratégia se encaixa nos diferentes patamares sobre a comunicação sobre ciência Silva (2017): o de divulgação científica, entendida como a comunicação dos fatos e resultados da produção científica, por si só, sem abordar métodos ou produzir uma discussão crítica; o de disseminação científica, que tem como público alvo outros cientistas e é feita principalmente por meio de revistas; e a comunicação científica, que aumenta a percepção da ciência, traduzindo sua natureza, objetivos, métodos e resultados.
No contexto da comunicação científica, o jornalista se torna um mediador social e produtor de conhecimento, criando um diálogo social e possibilitando que o público tenha acesso a instrumentos para compreender avanços científicos e tecnológicos e seu papel social. Pretende-se refletir se o uso da narrativa transmídia pelo jornalismo científico acabaria por fazer atingir tal patamar mais alto, de comunicação científica.
Referências
Renó, D.; Flores, J. Periodismo Transmedia: Reflexiones y técnicas para El ciberperiodista desde los laboratorios de medios interactivos. Madri: Fragua, 2012.
Silva, A. C. M.. As relações entre a ciência, o sistema brasileiro de pesquisa e o jornalismo científico. In: André Chaves de Melo Silva; Benedito Dielcio Moreira. (Org.). Divulgação Científica: Debates, Pesquisas e Experiências. 1ed.Cuiabá: Editora da Universidade Federal de Mato Grosso (EdUFMT), 2017, v. 1, p. 32-40.
Scolari, C. Narrativas Transmedia: Cuando todos los medios cuentan. (2013). Barcelona: Centro de Libro PAPF.
Campalans, C., Gosciola, V, Renó, D (eds). Narrativas transmedia - Entre teorías y prácticas. (2014). Barcelona: UOC.