meistudies, 4º Congresso Internacional Media Ecology and Image Studies - Reflexões sobre o ecossistema midiático pós pandemia

Tamanho da fonte: 
Narrativas imagéticas e o novo formato de jornalismo no Instagram: uma comparação entre o El País e El País Brasil
Gisleine Monique souza, Denis Renó

Última alteração: 2021-10-08

Resumo Expandido (Entre 450 e 700 palavras)


 

A chegada da internet e as transformações digitais proporcionaram o fechamento de diversos veículos de comunicação que não souberam transformar eventuais ameaças em oportunidades de criação para um jornalismo emergente. O surgimento de novas tecnologias acelerou o processo de digitalização das redações e forçou as empresas de comunicação a reverem seus processos de produção, disponibilização e distribuição da informação, além dos modelos de negócios que sustentam a operação jornalística (Alves, 2006).

Essas transformações no ambiente digital abriram uma gama de possiblidades para o modo de fazer e consumir a notícia, os veículos de comunicação tiveram que adaptar as linguagens do jornalismo tradicional para as narrativas multimídia. Barbosa (2013) explica que segundo a lógica do jornalismo convergente, esse modelo também exigiu habilidades múltiplas dos profissionais sobre o modo de narrar, os formatos e as maneiras de apresentar o conteúdo.

Dessa maneira, o compartilhamento de textos curtos e rápidos aliados aos elementos multimídias (fotos, vídeos, animações, infográficos e áudios) representaram uma verdadeira revolução, a começar pela necessidade de repensar o processo de narrativa convencional aplicado ao jornalismo. Tais mudanças, favoreceram o formato de consumo não-linear (Ward, 2006) e deram ao receptor mais controle sobre as informações e decisões:  eu escolho o que quero, quando quero e no formato que quero (Alves, 2001).

Outro fator que a internet e o avanço digital possibilitaram nas múltiplas plataformas de mídia é a capacidade dos usuários de interagirem com conteúdo de mídia dispersos, especialmente, nos dispositivos móveis que tornaram fundamentais no processo da cultura da convergência (Jenkins, 2009).

Nesse contexto, em que velhas e novas mídias se colidem, a informação se ajusta a vida das pessoas e reconfiguram o tipo de produção, publicação, distribuição, circulação, recirculação, consumo e recepção de conteúdos jornalísticos nas multiplataformas.

Sustentado pelas reflexões acima, esta pesquisa propõe um comparativo dos periódicos diários El País e El País Brasil no aplicativo Instagram para compreender como as narrativas multimídia construídas no feed e story contribui para um novo formato do jornalismo digital.

O crescimento dos aplicativos para dispositivos móveis é parte de um ciclo de inovação, (Barbosa, 2013) marcado pela fusão da tecnologia com a sociedade moderna. O comportamento do indivíduo na rede não é mais isolado, mas entremeado por discursos, culturas e sentidos que o interpelam e o constitui como sujeito do ciberespaço (Lemos, 2008).

Portanto, cabe questionar quais são as estratégias usadas no Instagram que consolidam o jornalismo contemporâneo em um modelo de negócio baseado em métricas de audiência e interação do usuário. O jornalismo pode se beneficiar dos recursos para contar histórias mais estimulantes e criativas aos olhos do receptor, conforme destaca Barbosa (2013).

A pesquisa apresenta um estudo de caso múltiplo de caráter analítico, a partir das observações exploratórias das publicações durante o período de uma semana, com recortes (prints screen). A coleta destes dados será relacionada através de cruzamentos, análise e interpretação de todas as publicações feitas no feed e story durante o período estabelecido.  Nesse sentindo, um importante aporte teórico demarcado por autores como Jenkins (2008), Kerchove (2009), e Barbosa (2013) busca compreender o surgimento do jornalismo digital, a atividade jornalística nos últimos dez anos, bem como as transformações que impactaram os meios tradicionais e a incorporação das linguagens multimídia no jornalismo, além do acesso à informação através dos dispositivos móveis.

Mais do que simplesmente digitalizar os meios de comunicação para o ambiente midiático, é necessário adapta-los a um novo cenário em que os consumidores de notícias não apenas podem, mas são incentivados a procurar novas informações e a fazer conexões que resultam em engajamento e alcance do produto jornalístico (Jenkins, 2009). Ao pensar nos aspectos fundamentais para a criação de novos produtos e narrativas, este artigo busca entender qual o modelo de negócio que consolida o jornalismo contemporâneo.

Referências

Alves, R. C. Jornalismo digital: Dez anos de web… e a revolução continua. Comunicação e Sociedade, vol-9-10, 2006, pp. 93-102.

Barbosa, S. (2013). Análise da convergência de conteúdos em produtos jornalísticos com presença multiplataforma. [Trabalho apresentado em congresso] X Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo – SBPJor, Curitiba, Brasil, 2012.

Jenkins, H. (2009). Cultura da convergência. Ed. Aleph.

Lemos, A. (2008). Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Ed. Sulina.

Ward. M. (2006). Jornalismo online. Ed. Roca


Palavras-chave


jornalismo digital; narrativas imagéticas; instagram; modelo de negócio

Texto completo:

PDF - pt