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O presente texto vem trazer uma reflexão a respeito do período de isolamento vivenciado no Brasil e dos aspectos que podemos observar na área de artes visuais. Como os artistas têm trabalhado e como as mídias interativas estão sendo utilizadas para aproximar o espectador do processo de criação. As questões partem do contexto pessoal, no qual o pesquisador também é artista e observam outros criadores a respeito de como estão reagindo à assepsia atual. A investigação permeia as dimensões atuais e o cenário no qual nos encontramos, concentrando-se nos limites com os quais estamos lidando e nas descobertas feitas na comunicação, favorecendo ou não à arte.

O trabalho aqui introduzido busca refletir ainda dentro do turbilhão do isolamento social, nas ações que estão ao alcance e deliberam quem somos e o que esperamos. O presente define a condição da espera, sem precisarmos pensar em um futuro incerto. O hoje é incerto. Estamos aprendendo a lidar com essa verdade e sendo desafiados a recriar, a inovar para continuar a exercer nossas funções não somente como profissionais, mas descobrimo-nos enquanto sobreviventes e no quanto precisamos do outro para isso. E não podemos tocá-lo.

Mais do que esperávamos, estamos em um momento em que a percepção do mundo exterior está sendo elaborada a partir da visão e da audição. Os outros sentidos estão à disposição do interior do lar, dos entes mais próximos. O artista está em sua introspecção desejada? O quanto seus recursos estão atendendo a nossas necessidades poéticas primordiais é a maior questão a ser esmiuçada nas linhas a seguir.

O trabalho também vem a trazer reflexões a partir do que vem ocorrendo nas mídias sociais, diante de rodas de conversa, lives, exposições virtuais. Há características extremamente pontuais no que está ocorrendo agora. Está ocorrendo um deslocamento a respeito do que se acreditava serem as artes visuais e, o grau de inventividade pelo qual a área vem passando dialoga diretamente com as outras áreas do saber, com a diferença de que as artes têm uma proximidade corriqueira com os espaços da imaginação tão necessárias à inovação. O artista reinventa-se pelo próprio ofício e muitas vezes é mencionado como referência nos estudos sobre a criatividade.

Poderíamos mencionar centenas de nomes e obras que enfatizam a abordagem tão necessária para e a partir das artes. Dentre eles, cito dois, devido à atualidade a respeito das travas que levantaram já em meados dos anos 1990: Domenico De Masi e Wim Wenders. O primeiro, devido ao questionamento do tempo entre o trabalho e o uso do ócio pelo homem e, o segundo, pela visão tão precisa de nossas dependências atuais, em “Until the end of the world”. Em ambos encontramos a urgência das artes, a abertura para o espaço da autorreflexão e para o pensar a respeito de e para onde nossos olhos estão direcionados no final do século XX e início do XXI. Perscrutar como me encontro diante dessas questões enquanto artista e o que tenho a aprender com o isolamento é o foco sobre o qual as palavras a seguir tratarão.

 

artes visuais; isolamento social; processo criativo