Última alteração: 2019-01-18
Resumo Expandido (Entre 450 e 700 palavras)
Resumo
A arte está em constante evolução junto à sociedade e os meios e na atualidade, a arte digital vem ganhando espaço devido à sua possibilidade de apropriação de tudo o que já foi desenvolvido bem como as várias possibilidades de mesclagens. Os softwares computacionais possibilitam a geração de imagens, sons e diversas outras correspondências em uma mesma plataforma com infinitas possibilidades de percepção sinestésica.
Palavras-chave: Arte digital, imagem, som, sinestesia do audiovisual.
1 Introdução
Desde o século XX, as artes pictóricas anseiam a visualização do som com a “musicalização da imagem e a imaginação da música” (Flusser, 2008). O artista Wassily Kandinsky já elaborava pinturas com este desejo de musicalização da imagem e a utilização de experimentos sinestésicos, e é possível notar grandes mudanças na plataforma das artes desde os predecessores dos séculos passados para a atualidade podendo citar as artes digitais. O analógico evoluiu para o digital, e a busca do desenvolvimento de uma arte sinestésica audiovisual continua.
Esta busca das sensações acompanha o homem desde a antiguidade e com o desenvolvimento da arte e sua geometrização e as pesquisas entre som e imagem, pode-se concluir a arte está se tornando cada vez mais matemática. Os softwares computacionais também evoluíram tornando-se suportes para as artes digitais e para Manovich (2013) o software virtualiza as técnicas existentes e acrescenta muitas novas, sendo que todas estas técnicas juntas formam o "metamedio informático".
2 3 Fundamentação TeóricaA palavra imagem, derivada do latim (imago) significa figura, imitação. É a representação figurada do objeto, percebida através da visão ou qualquer outro sentido como as imagens sonoras ou táteis (McLuhan, 1979).
Desta forma, quase toda representação pode ser caracterizada como uma imagem e toda imagem pode ser uma representação do mundo a partir de certo sistema de signos, codificando o universo. A imagem representada pela arte é, senão a representação imagética de do universo do autor, possuindo ideais, sentimentos e concepção de mundo. Ou seja, a essencia do ser autoral é de certa forma, partilhada com o outro através da imagem como suporte comunicacional.
Para McLuhan (1979) a imagem constitui, a partir do século XX, um dos fenômenos culturais mais importantes no meio ambiente humano e o conceito da imagem é derivado da percepção humana, transmitindo uma mensagem sendo possível dizer que as imagens podem ser captadas através dos sentidos formando as imagens visuais, acústicas, táteis e olfativas.
Bayle (1994, apud Caesar, 2012) foi o primeiro autor que fez referência a sons como imagens na música contemporânea, referindo-se à experiência como uma “escuta de imagens de sons”. Designando o termo que representa esta imagem de som como “i-son”, pode ser definido como sons transmitidos através de um suporte que foram subtraídos de seu ambiente original e transmitidos por repetição. A imagem depende de suporte, e estes podem ser extra-corpóreos como os suportes tecnológicos e corpóreos.
Na Europa do século 18, surgiu a denominação de “música de cores” pelo extenso desenvolvimento de pesquisas e construções de instrumentos similares a teclados capazes de acionar cores buscando a correspondência entre a música e a imagem. Tais experimentações são feitas até os dias atuais, buscando correspondências entre som e imagem baseados em lógicas de correspondências, resultando numa sinestesia audiovisual (Campos, 2014).
3 Considerações Finais
Dos séculos passados para a atualidade, o código, as artes e tudo o que os acercam evoluiu do analógico para o digital. Para Castells (1999) a internet constitui um novo momento histórico capaz de processar e gerar conhecimentos. Albuquerque (2009) nos diz que a Internet é um dos mais importantes meios de comunicação atual, influenciando a política, a economia, as relações pessoais e também a arte.
A arte pós-moderna se apropria do meio digital e possibilita a união e a combinação dos estilos existentes. A arte eletrônica se desloca da representação para a simulação e se constitui em uma nova forma simbólica, onde os artistas usam as novas tecnologias com intuito de multiplicação estética, explorando texto, sons, imagens, o ciberespaço e a interatividade. “O mundo ao qual esse ciber-artista se refere não é mais o mundo real dos fenômenos, mas o mundo virtual dos simulacros” (Lemos, 1997).
Referências
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